quinta-feira, 27 de outubro de 2011

"A preservação do Patrimônio Cultural garante o direito à memória individual e coletiva e permite aos indivíduos entender o universo sociocultural em que estão inseridos. Para identificar e valorizar é preciso preservar o patrimônio, e para preservar é preciso conhecer. Esse conhecer pode ser obtido através da Educação Patrimonial, conscientizando a comunidade envolvida sobre a importância da preservação do patrimônio que se encontra ao seu redor, entendendo por patrimônio os bens de ordem natural, material e intelectual. 

É importante destacar o papel da Educação Patrimonial para o  reconhecimento da comunidade de seu patrimônio Ao mesmo tempo em que se configura como um subsidio  provocador de novos olhares, contribui para recuperação da identidade bem como para valorização e preservação do patrimônio da cidade." (Claudiana Y Castro)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Kuát e Iaê - A Conquista do Dia

No principio só havia a noite. Os irmãos Kuát e Iaê - o Sol e a Lua - já haviam sido criados, mas não sabiam como conquistar o dia. Este pertencia a Urubutsim (Urubu-rei), o chefe dos pássaros. Certo dia os irmãos elaboraram um plano para captura-lo. Construíram um boneco de palha em forma de uma anta, onde depositaram detritos para a criação de algumas larvas. Conforme seu pedido, as moscas voaram até as aves, anunciando o grande banquete que havia por lá, levando também a elas um pouco daquelas larvas, seu alimento preferido, para convencê-las. E tudo ocorreu conforme Kuát e Iaê haviam previsto.
Ao notarem a chegada de Urubutsim, os irmãos agarraram-no pelos pés e o prenderam, exigindo que este lhes entregasse o dia em troca de sua liberdade. O prisioneiro resistiu por muito tempo, mas acabou cedendo. Solicitou então ao amigo Jacu que este se enfeitasse com penas de araras vermelhas, canitar e brincos, voasse à aldeia dos pássaros e trouxesse o que os irmãos queriam. Pouco tempo depois, descia o Jacu com o dia, deixando atrás de si um magnífico rastro de luz, que aos poucos tudo iluminou. O chefe dos pássaros foi libertado e desde então, pela manhã, surge radiante o dia e à tarde vai se esvaindo, até o anoitecer.

Iguaçu - As Cataratas que surgiram do Amor

      Distribuída em várias aldeias, às margens do sereno Rio Iguaçu, a tribo dos Caiangangs formava uma poderosa Nação Indígena. Tinham como deuses Tupã, O Deus do Bem e M'Boy, seu filho rebelde, o Deus do Mal. Era este o causador das doenças, tempestades, das pagas nas plantações, além dos ataques de animais ferozes e das demais tribos inimigas. A fim de se protegerem do Deus do Mal, em todas as primaveras, os Caiangangs a ele ofereciam uma bela jovem como esposa, ficando esta impedida para sempre de amar alguém. Apesar do sacrifício, esta escolha era para ela um privilégio, motivo de honra e orgulho. Naípi, filha de um grande cacique, conhecida em todos os cantos por sua beleza, foi desta vez a eleita.
     Feliz, aguardava com ansiedade o dia de tornar-se esposa do temido Deus. Iniciaram-se assim os preparativos da grande festa. Convidados chegavam de todas as aldeias para conhecê-la. Entre eles estava Tarobá, valentes guerreiros, famosos e respeitados por suas vitórias. Ocorreu que, talvez pela vontade do bom Deus Tupã, Tarobá e Naípi vieram a se apaixonar, passando a manter encontros secretos às margens do rio. Sem ser notado, M'Boy acompanhava os acontecimentos, aumentando a sua fúria a cada dia. Na véspera da consagração, os jovens encontraram-se novamente às margens do rio. Tarobá preparou uma canoa para fugirem no dia seguinte, enquanto todos adormeciam, fatigados com as danças e festejos e sob efeito das bebidas fermentadas.
     Iniciaram a fuga e, já à boa distância do local M'Boy concretizou sua vingança. Lançou seu poderoso corpo no espaço em forma de uma enorme serpente, mergulhando violentamente nas tranqüilas águas e abrindo uma cratera no fundo do rio Iguaçu. Formaram-se assim as cataratas, que tragaram a frágil canoa. Tarobá foi transformado em uma palmeira no alto das quedas e Naípi em uma pedra nas profundezas de suas águas. Do alto, o jovem apaixonado contempla sua amada, sem poder tocá-la. Restando-lhe apenas murmurar seu amor quando a brisa lhe sacode a fronde.
     Em todas as primaveras lança suas flores para Naípi, através das águas, como prova de seu amor. A jovem está sempre banhada por um véu de águas claras e frescas, que lhe amenizam o calor de seus sentimentos. Ainda hoje, M'Boy permanece escondido numa gruta escura, vigiando atentamente os jovens apaixonados. Ouve-se dizer que, quando o arco-íris une a palmeira à pedra, pode-se vislumbrar uma luz que dá forma aos dois amantes, podendo-se ouvir murmúrios de amor e lamento.
Um samba, aqui.

do tupi tamba'kï; literalmente "monte de conchas"

      Os Sambaquis são montes cônicos de conchas, resultantes da ocupação humana pré-histórica: os povos caçadores e coletores, primeiros habitar o litoral de Santa Catarina.
     Há várias teorias sobre sambaqui, uma mais antiga, e hoje pouco aceita é a de que consumiam os moluscos e amontoavam as cascas para morarem sobre elas, pois constituíam um local alto e seco. Ocupação após ocupação fez com que estes montes atingissem alturas muito altas. Segundo Malu Gaspar, "inicialmente ele (sambaqui) foi considerado um fenômeno natural tal como os concheiros, depois foi entendido como um local de descarte de restos de cozinhas de bandos de coletores e, atualmente, é considerado o resultado de ordenado trabalho social que tinha por objetivo, entre outras coisas, construir um imponente marco paisagístico." E ainda ressalta que, "a idéia inicial de que os sambaquis eram resultado da ação de forças naturais é substituída pela noção de que os sítios demarcam processos naturais, ou seja, de que são um bom indicador para estabelecer a variação do nível do mar durante os últimos 10 mil anos."
O Estado de Santa Catarina possui os maiores sambaquis do mundo, espalhados por seu litoral, de norte a sul – alguns destes sambaquis chegam a atingir mais de 30 metros de altura.
    Nos extratos arqueológicos de um sambaqui encontra-se vários vestígios desta ocupação humana, como sepultamentos, instrumentos líticos, fogueiras, restos de cozinha (como ossos de peixes, aves e mamíferos consumidos) e diversos tipos de adornos, como colares e enfeites labiais.

         
                                 (Adorno usado por indígenas)        
    Mesmo sendo os grupos pré-ceramistas de caçadores e coletores os construtores dos sambaquis, muitos destes montes foram reocupados pelas culturas ceramistas itararé e guarani. A partir daí, para estudar a região, contamos com dois hemisférios de análise arqueológica: a fase pré-cerâmica e a fase cerâmica.
Era comum a escolha de dois ambientes subaquáticos por estas populações para o estabelecimento de um assentamento: o mar, porém, preferencialmente próximo de lagoas ou desembocaduras de rios; isso somado a fontes potáveis de água doce.


    No passado, havia a exploração dessas jazidas arqueológicas para a fabricação de cal. Esta atividade de exploração calcária destruiu grande parte dos sambaquis, não só em Santa Catarina, mas em diversas partes do Brasil


(Figueirinha II - Jaguaruna - Santa Catarina)


(Figueirinha I - cerca de 18 m. de altura - Santa Catarina)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Estudantes da 6ª série da Escola Americana de Brasília visitam o GRUPEP - Arqueologia, e conhecem o sambaqui Garopabão, em Jaguaruna, Santa Catarina.
04/10/2011







segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A memória

 
     "A memória ignora a decadência e a morte; a memória ergue-se contra as faces do tempo e alisa suas rugas físicas e conceituais; levanta-se como obstáculo à continuidade da consciência e dificulta a possibilidade de regredir para além das necessidades do destino atual tanto quanto propõe matéria-prima à inteligência analítica e corrosiva."

(COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de política cultural, cit., p. 249-250)
 

PESCADORES-COLETORES



                 PESCADORES-COLETORES                   

Quem eram?

Conhecidos como sambaquieiros viviam no litoral e tinham como base de sua alimentação os peixes, complementando-a com moluscos, pequenos mamíferos e vegetais. Construíram montes de conchas, conhecidos como SAMBAQUIS, que são considerados marcadores de territórios, espaço de moradia e cemitério. Esses monumentos foram construídos intencionalmente pelos grupos que habitaram o litoral de Santa Catarina na pré-história.

Em que época viviam?

Os Sambaquis de nossa região possuem datas que variam de 4000 a.C. a 500 d.C. Encontramos no município de Capivari de Baixo na comunidade de Ilhotinha um sambaqui datado de 4.000 a.C. e o mais recente no município de Jaguaruna-SC, com 500 d.C

(Monumento construído com conchas, o sambaqui se destaca na paisagem. O sitio Figueirinha-I, em Jaguaruna (SC), atinge aproximadamente 15 metros de altura) 

 Como aproveitavam o ambiente?
                                                                      
Retiravam do ambiente todos os recursos naturais necessários para sua sobrevivência. Utilizavam diversas técnicas para extrair os recursos, como a pesca, a caça e coleta de alimentos vegetais. Os alimentos eram processados em artefatos feitos em pedra, ossos, madeira e conchas.

Quais os principais vestígios deixados pelo grupo?

Nos Sambaquis podemos encontrar vestígios conhecidos como ARTEFATOS, ECOFATOS e ESTRUTURAS. Os artefatos podem ser confeccionados em pedras, conhecidos como artefatos líticos (lâminas de machados, zoólitos, polidores, quebra-coquinhos); em conchas (raspadores e contas de colar); em ossos de peixes e mamíferos (anzóis, adornos, agulhas e perfuradores). Os ecofatos são os restos faunísticos e florísticos como ossos, conchas, sementes, carvão e fibras. As estruturas podem ser cerimoniais como sepultamentos e outros rituais; de combustão (fogueiras) e de moradia, sendo estes os indícios que designam sua organização e complexidade sócio-cultural.                          


Caçadores-Coletores



CAÇADORES-COLETORES 

Quem eram?
Eram pequenos grupos que migravam por um extenso território, sem fixarem-se num ponto e specífico. São designados por duas tradições arqueológicas: a Tradição Umbu representada pelas pontas de projéteis líticas, e a Tradição Humaitá representada pelos grandes artefatos bifaciais com forma bumerangóide.

Onde viviam?
Viviam em acampamentos a céu aberto, próximo a rios e arroios; em abrigos rochosos; em aterros levantados em terrenos alagadiços junto a rios e lagoas. Entretanto nenhum desses abrigos era permanente, este grupo tinha ocupações transitórias, migravam para lugares mais propícios de acordo com as necessidades do grupo.

Em que época viviam?
Os sítios arqueológicos representados pelos caçadores-coletores datam de 8.000 à 4.000 anos a.C.

Como aproveitavam o ambiente?
A base da subsistência destes grupos era a caça de animais de pequeno e médio porte, além de coleta de moluscos, frutas e outros vegetais.

Quais os principais vestígios deixados pelo grupo?
Tradição Umbu: Encontramos neste tipo de sítio pontas de flechas e pequenas lascas. Produziam artefatos tanto em material ósseo como conchífero. Furadores, espátulas, anzóis, agulhas, retocadores.